Ontem, por ocasião do feriado de aniversário em São Paulo, e mesmo com a Convenção Anual da INOAR, li alguns jornais e as manchetes eram todas sobre a condenação do ex-presidente Lula. Por que condenaram Lula se evidências não são provas, além do principal objeto do processo ter sido arrolado nos bens penhorados da OAS em outra ação? É de Lula ou da OAS tal imóvel? Isso não bastaria para anular a decisão em primeira instância? Analises falavam na unanimidade no julgamento e consequente aumento da pena, com algumas, quase em pé-de-pagina, dizendo que o objetivo era unicamente diminuir as chances de recursos do ex-presidente, ao mesmo tempo que torna-lo inelegível ou impedido de participar de processo eleitoral.
Nos noticiários “analistas”, pretensamente isentos, legitimavam aspectos processuais contestados por grandes juristas. Enquanto outros não conseguiam disfarçar sua indignação com a sentença. O fato é que se decidiu. E sem provas saiu-se da “eminencia de”. Agora cabe a sociedade avaliar as consequências da sentença do TRF4, e ao PT, ou campo da esquerda, planejar ações que viabilizem à candidatura do ex-presidente Lula, em que pese a insanidade no pedido de entrega do passaporte por possível viagem ao exterior. Se Lula é mesmo o “populista” que tantos dizem certamente não abandonará seu povo. Portanto, não pediria asilo político ou qualquer outra manobra que o afastasse de seu projeto. Primeira conclusão: vamos parar de insanidades.
Considerado um julgamento político, ou seja, quando envolve divergência/discordância com o projeto político-ideológico de um líder, de um cidadão, e no caso, de um ex-presidente, reconhecido mundialmente pelas políticas que de fato incluíram as camadas mais pobres da população, com a redução dos índices de fome e miséria, tirando milhares da linha de pobreza, entre outras ações sociais incontestes, e que deram visibilidade ao país, me pergunto: por quê? Com a concentração dos veículos de comunicação e alta penetração nos lares brasileiros para destruir um projeto de partido, como aliás, se tenta fazer desde o resultado da eleição de 2016 e consequente impeachment de Dilma Rousseff, por que querem o ex-presidente fora da eleição 2018? É tão certa a vitória do ex-presidente que justifica esse “alinhamento das elites” para derrotá-lo? Segunda conclusão: o ex-presidente Lula é forte. Se nas pesquisas eleitorais aparece com larga vantagem de votos dos demais colocados, derrotá-lo nas urnas não seria mais democrático?
E já que evidencias condenam, é evidente a drástica redução dos movimentos que pediam a prisão do ex-presidente, iniciados logo após posse de Dilma. Também é evidente que os apoiadores de Lula fizeram uma passeata com mais de 50 mil pessoas, segundo Data Folha, no ato realizado em São Paulo dia 24/01, saindo da Praça da República para Avenida Paulista. Isso não foi divulgado pela imprensa. Terceira conclusão: ex-presidente Lula só vai crescer nesse processo. Não foi inteligente manter a condenação, se o objetivo era diminuir/acabar com sua influencia.
E aí faço outra pergunta: Não foi o sistema financeiro e de comunicação quem mais lucraram nos governos Lula? Por que antes ele servia e agora querem limitar seu tempo de vida pública? O que a democracia ganha com isso? Melhor, o que perdemos? Para onde estamos indo? O Brasil é um país de pensamento plural graças a miscigenação cultural. A sociedade tem que garantir espaços de expressão para todos e os meios de comunicação deveriam estar comprometidos com tal posicionamento. Por que um discurso orquestrado demoniza o ex-presidente Lula, seu partido, outros no campo popular e os movimentos sociais, desqualificando-os com todo tipo de adjetivos? Sabe-se que os índices de educação são muito aquém. O que não significa que os processos devam ser decididos por uma elite pretensamente inteligente. Que aliás, se fosse há muito teria investido em educação, única condição capaz de tornar uma nação próspera.
São tantas variáveis para analisar que escreverei em partes até o dia da eleição. Temos obrigação de acompanhar de perto o processo eleitoral em curso. Este definirá o país que queremos. O Congresso (Câmara e Senado), por exemplo, continuará elaborando leis que jogam pesada carga tributária sobre pequenos e médios empresários, segmentos que mais empregam no país? É por isto e muito mais que precisamos nos engajar no debate político e realizar as reais mudanças que o Brasil necessita.
Inocência Manoel – Fundadora da INOAR