
O assassinato de Marielli é um crime político que fragiliza ainda mais a jovem democracia brasileira. As mulheres que quase inexistem em representação parlamentar no Brasil, ficaram agora um pouco menores.
A Anistia Internacional, em relatório divulgado em janeiro, denunciou que houve um aumento de assassinatos no Brasil em 2017, principalmente de jovens negros. Também denunciou uma série de projetos de lei que buscam retroceder na questão dos Direitos Humanos. Marielle lutava contra o crime da exclusão social, pelo direito “humano” de viver, das pessoas simples que moram nas favelas e periferias dos grande centros urbanos.
O Estado é omisso na questão da segurança pública, primeiramente, por que não tem política preventiva, não investe em inteligência e mantém a formação militar em detrimento de uma formação mais humanista. Segundo, por que a violência é um negócio que se retroalimenta. Há uma produção do medo que alimenta à indústria da violência que necessita de armas, de segurança privada, de seguro de vida, de seguro contra furtos e roubos, de segurança domiciliar, de segurança digital, entre outras formas, para manter os negócios ativos. O setor de segurança só cresce no país, e no mundo, há pelo menos duas décadas.
O que alavanca tal indústria da violência é a “constante do medo”, que intimida, cala e ceifa vidas. As pessoas têm medo de se manifestar, de assumir opiniões. Mas, Marielli não se intimidou na denúncia dos que criminalizam à pobreza. Porém, teve sua vida abreviada justamente porque era forte na luta das mulheres, especialmente às negras – uma de suas pautas, da liberdade de gênero, entre tantas lutas reconhecidas por organismos internacionais.
À luta de Marielle continuará Brasil e mundo afora porque é uma luta de muitos, embora muitos se calem pelo medo. A sociedade brasileira exige urgência na apuração do crime, não porque procura um mártir como dizem alguns. Mas, porque está cansada de impunidade. Portanto, também não aceitará “bodes expiatórios” que justifiquem a ineficiência ou acobertamento da investigação. Nem deste ou de outros crimes cometidos, como também mostra o artigo de Fernando Horta:
https://jornalggn.com.br/blog/fernando-horta/e-nossa-bandeira-ficou-sim-vermelha-por-fernando-horta
Inocência Manoel – Fundadora INOAR Cosméticos
PS.: A charge é de Renato Aroeira para o DCM. Usei para ilustrar porque é bastante didática.