
A revista VOGUE Arabia, edição de junho, está causando polêmica entre jornalistas e formadores de opinião porque elogia as “reformas” do governo de Mohammed bin Salman.
No mês em que a Arábia Saudita pretende suspender a proibição para mulheres dirigirem, à capa da revista traz uma mulher, elegantemente vestida, sentada num carro Rolls Royce, num cenário desértico. Ocorre que à bela mulher que ilustra a capa é a Princesa Hayfa bint Abdullah al-Saud, filha do falecido rei Abdullah, que instituiu a proibição de mulheres dirigirem automóveis entre 1964 e 1975. Lei não revogada até hoje.
Paradoxo? Jogada de marketing mostrando evolução entre gerações? São hipóteses, e com suas razões de ser. Afinal, uma revista com tal reputação não faria algo sem medir impactos sobre sua imagem. Mas, na verdade, a “mulher poderosa” na capa não esconde as ações reais do atual governo conservador, que recentemente mandou prender ativistas que lutam pela defesa dos direitos das mulheres. Essa é a principal crítica que estão fazendo à revista.
Em pleno século XXI, mulheres serem impedidas de exercerem atividades, cerceadas na liberdade de escolhas, entre outras práticas, de fato, não é evolução. Sucesso para os movimentos de mulheres que retomam às pautas específicas de direitos femininos, no Brasil e no mundo. E sucesso à VOGUE em suas estratégias de mercado, pois é uma bela revista.
Inocencia Manoel – Co-Fundadora da INOAR Cosméticos