
Nesta semana a Lei Maria da Penha completou 13 anos. É muito pouco tempo para tentar diminuir a violência contra a mulher, que infelizmente acontece com muito mais frequência do que imaginamos.
Maria da Penha é uma farmacêutica que sofreu duas tentativas de homicídio e que fala por todas nós. Em 1983 ela levou um tiro do marido enquanto dormia. Com dois filhos pequenos, sobreviveu, porém não conseguiria mais andar. O marido, então, tentou eletrocutá-la no chuveiro, mas novamente Maria da Penha conseguiu se salvar. Para salvar tantas outras mulheres.
Foi em 2006 que a Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência familiar contra a mulher, foi promulgada.
Mas ainda há muito a fazer. Ao lado da comemoração desta data, a estarrecedora notícia de que os casos de feminicídio aumentaram 44% no 1º semestre de 2019 no estado de São Paulo. É muita coisa.
Basta ligar a TV para ver as notícias de assassinatos por homens que não aceitaram uma separação, mas há inúmeras formas de violência contra a mulher, muitas vezes de forma velada, que podem estar acontecendo muito mais perto do que você imagina.
Na segurança de casa, acontecem desde agressões físicas até psicológicas e verbais, e existe uma relação de violência, que muitas vezes é invisibilizada por estar atrelada a papéis que são culturalmente atribuídos para homens e mulheres. O homem manda e pronto. É aceito assim. Mas em 90% dos casos, o homicídio contra as mulheres é cometido por homens com quem a vítima possuía uma relação “afetiva”.
E a violência não fica entre quatro paredes, não. Assédio, seja ele moral ou sexual, contra as mulheres no trabalho continua a ser exercido principalmente por pessoas que ocupam posições hierárquicas superiores. É triste e desumano.
O aumento do número de casos de violência contra a mulher colocou o Brasil em 5°lugar entre os países que mais cometem feminicídios em todo o mundo. Diante desce cenário, novas tecnologias vêm sendo usadas para ajudar. Alguns aplicativos para celulares são uma verdadeira revolução e, em muitos casos salvam vidas, dando voz a mulheres massacradas e sem esperança.
Vale a pena conhecer e divulgar:
SOS Mulher: desenvolvido pela Polícia Militar de São Paulo, é válido para mulheres que tenham alguma medida protetiva (como ordem de afastamento), determinada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O SOS Mulher permite que as vítimas possam pedir socorro quando estiverem em situação de risco apertando um botão por cinco segundos.
PenhaS: por meio do app, é possível encontrar um mapa de delegacias da mulher por todo o Brasil, obter apoio de outras mulheres pelo chat secreto e realizar um pedido de ajuda urgente pela ferramenta “GritaPenha”.
Mete a Colher: conecta diretamente mulheres que precisam de ajuda com outras que podem oferecer apoio de forma voluntária. Nele, é possível contar com três categorias de pedidos de ajuda: apoio emocional, orientação jurídica e inserção no mercado de trabalho. Neste último caso, a ideia é auxiliar mulheres na procura de um emprego para largar a dependência financeira do parceiro.
Iniciativas como essas são um sopro de esperança e merecem ser compartilhadas. Às vezes estamos ajudando alguém em segredo, mas isso nem importa.
Se pensarmos que o futuro é feminino, ainda há muito a ser feito para proteger nossas amigas, nossas mães, nossas filhas, nossas meninas. Mas nós mesmas iremos nos salvar.
Inocência Manoel