Também morre quem atira

Legenda da imagem:

Uma dessas crianças está segurando algo que foi banido dos Estados Unidos. Adivinha qual.

O livro “Chapeuzinho Vermelho” foi banido das escolas por causa da garrafa de vinho na cestinha. Por que não combater as armas?

Uma campanha criada pela Grey Canada para a Instituição Moms Demand Action For Gun Sense In America (Mães Exigem Ação para Senso de Arma na América).

No último dia 15 de fevereiro, o taxista Paulo Damião dos Santos, de 42 anos, foi morto após uma discussão de trânsito em João Pessoa. Casado, pai de dois filhos, o homem perdeu a vida trabalhando. Imagens gravadas mostram a briga e o terrível desfecho. Algo que durou segundos e deixou marcas para o resto de muitas vidas.

Eis a questão sobre as armas: quando elas acertam o alvo, não se pode voltar atrás.

O Brasil é campeão do ranking mundial de mortalidade por armas publicado pelo Global Burden Disease, órgão da Organização Mundial da Saúde que pesquisa as causas de morte pelo mundo.

De acordo com o estudo, homicídios são a maior causa de mortalidade em consequência de lesão por arma de fogo dos 195 países pesquisados, com 64% do total. Seguido por suicídio, com 27% das mortes, e 9% foram por disparo acidental.

De acordo com o professor de saúde pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que é diretor do Centro de Pesquisa em Controle de Ferimentos, Dave Hemenway, “uma arma dentro de casa aumenta o risco de que seus moradores se envolvam em um acidente fatal. Aumenta, ainda o risco de que mulheres e crianças sejam assassinadas com uma arma doméstica.”

Na última semana, um caso chamou a atenção do Brasil. Uma mulher de 55 anos foi espancada por 4 horas por um homem que conheceu nas redes sociais. “Uma arma resolveria o caso”, eles disseram. E me pergunto como. A vítima estava dormindo e acordou com o homem esmurrando seu rosto. Coloque uma arma nesta cena e ela não estaria mais aqui para contar a história ( que pode ser conferida aqui ).

As pesquisas indicam, ainda, que os riscos e prejuízos de ter uma arma em casa supera qualquer benefício. A cada 3 dias uma criança é internada após acidente doméstico com arma de fogo.

Muitas sequer têm a chance de ser internadas, como o caso do menino de 7 anos, do Mato Grosso, que foi atingido por um tiro acidental disparado pela arma do avô. A arma, usada para caça, estava no carro e foi acionada quando a criança puxou uma sacola de plástico. A bala atingiu o peito do menino, tirando sua vida.

Nos Estados Unidos, todos os anos, 2.715 crianças morrem em decorrência de armas de fogo. É a segunda maior causa de morte na faixa etária – atrás de acidentes e à frente da soma entre os casos de câncer e problemas cardíacos. “Nossa principal conclusão é que os Estados com uma legislação mais rígida sobre armas de fogo tiveram menos crianças que morreram por armas de fogo. E as leis que mantêm especificamente as armas fora do alcance crianças também resultaram em menos mortes em geral entre as crianças, principalmente suicídios”, afirmou à BBC News Brasil a médica traumatologista Stephanie Chao, professora e pesquisadora do hospital infantil da Escola de Medicina de Stanford.

Todos esses dados comprovam que é muita ingenuidade da nossa parte acreditar que as armas são capazes de nos defender. Você pode até se defender, mas elas foram feitas para matar.

Um ótimo exemplo que fica para a nossa reflexão foi o que houve com este taxista. Uma. Briga. De. Trânsito. O corretor de imóveis que atirou não estava se defendendo de coisa alguma. Estava alterado, bêbado como estão dizendo, nervoso. Ele estava passando por alguma situação que pode ser comum a tantas pessoas que nos dias de hoje vivem sob forte stress. Com uma arma na mão. E com uma atitude que não deu a ele mesmo, nem ao taxista, obviamente, uma segunda chance.

O que as armas fazem é isso: elas matam as chances, matam as pessoas, matam vidas ao redor das vidas perdidas. É assim na excelente versão do Rappa para a música Hey Joe, de Jimmy Hendrix: “também morre quem atira”.

Quantas vezes você não teve que voltas atrás em uma decisão errada em sua vida? E se não pudesse nunca mais?

Inocência Manoel

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