Na mesma tempestade

Vivemos dias bastante instáveis nos últimos meses. A sensação é de viver numa corda bamba entre a esperança dos dias em que teremos certeza de estar seguros e os medos de enfrentar algo novo, desconhecido e invisível.

Além de todo o cenário de estarmos em uma pandemia, há também o clima. E aqui não estou falando de tempestades de areia, ciclones ou fenômenos meteorológicos variados, que também surgem como ameaças ao nosso mundo e nosso humor, mas sim de como estamos vivendo e convivendo com pessoas nesta situação.

É certo que os ânimos estão modificados. De acordo com a OMS, o impacto da pandemia na saúde mental das pessoas já é extremamente preocupante. Os relatórios indicam um aumento nos sintomas de depressão e ansiedade em vários países e certamente será uma responsabilidade coletiva tratar do bem-estar emocional das pessoas, em especial as que têm menos acesso aos cuidados da saúde mental.

Porém, lidar com tudo isso também faz parte do nosso amadurecimento. Sempre prezei muito pelo bom clima organizacional no trabalho e acredito que ele seja um dos segredos do sucesso nos negócios.

Uma pesquisa da Harvard Business School revelou que um profissional competente, mas que tenha atitudes tóxicas chega a gerar um déficit de 12.000 dólares para as empresas. Além disso, conviver com essas pessoas também traz um custo de saúde. Afinal, aguentar algumas atitudes pode aumentar o estresse, desencadear a ansiedade e destruir a autoestima.
O clima organizacional pode ser compreendido como o conjunto dos fatores físicos e psicológicos do ambiente interno das empresas, e exerce grande influência no desempenho, na saúde e qualidade de vida dos colaboradores, além de afetar o nível de satisfação, felicidade e bem-estar no trabalho.

Ou seja, um ambiente de trabalho saudável terá impacto na qualidade das entregas das equipes e irá reduzir os níveis de estresse dos colaboradores.

São várias as atitudes que tomamos para chegar a um bom clima de trabalho, muitas vezes não percebidas de imediato, mas estamos ali, trabalhando no “backstage”, continuamente.

Durantes todos estes meses foram vários os casos que analisamos individualmente, sem deixar ninguém para trás. Procuramos, e tivemos sucesso, em todos eles. Desde o início da pandemia, tivemos casos muito graves de saúde mental entre nossos colaboradores. Imediatamente, oferecemos um acompanhamento contínuo de psicanalista para auxiliar quem mais precisava.

Sabemos que agora é a hora de olhar para cada indivíduo. Olhamos caso a caso e estamos ainda mais próximos de nossos colaboradores. A pandemia escancarou uma realidade jamais vista e percebemos fatos que antes não estavam tão claros. Um exemplo simples: muito se falou, e ainda se fala, no home office, mas quantos colaboradores tinham condições verdadeiras para trabalhar em casa, morando com muito mais pessoas e dividindo espaços pequenos, sem a menos estrutura?

Aprendemos, como sempre, demais numa gestão de crise sem precedentes como esta. Como foi benéfico para nossa gestão reafirmar que colaboradores têm nome, e não são apenas números. Conhecemos mais deles e de seus meios de sobrevivência neste país já tão injusto.

Para mim, ficou ainda mais claro os privilégios de quem tem mais, os que puderam ficar em suas casas confortáveis podendo pedir comida por aplicativo. Mas não. Esta não é a verdade nua e crua. A verdade é que não estamos no mesmo barco, e sim na mesma tempestade.

Tenho rezado muito para receber forças e poder fazer mais por quem tem menos. E, numa dessas noites, tenho a plena certeza de ter recebido um recado. A própria Bíblia fala: você é responsável pelas vidas que toca. Graças a Deus, não tivemos casos graves de Covid-19, mas afastamos todos os funcionários que tivessem qualquer sintoma. E estes foram encaminhados para o médico, que receitou uma medicação padrão, e alguns remédios bastante caros. Em um sábado, tive este insight: nem todo mundo poderia comprar. É nessas horas que precisamos agir, solucionar os problemas, não apenas vislumbrá-los. Comprei o medicamento para quem eu sabia que não teria condições e assim a pessoa se curou rapidamente.

O trabalho de um empresário nunca tem fim, este é um dos nossos desafios. Por isso digo que empreendedorismo não se ensina. É a arte do invisível, do infinito, da demora pelo reconhecimento. Mas não desistimos, porque pessoas dependem de nós para seguirem trabalhando e sobrevivendo.

Inocência Manoel

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