
Eliminar todas as formas de discriminação de gênero e de violência contra as mulheres; promover a divisão sexual igualitária do trabalho e garantir a participação plena de mulheres na área pública e em cargos de direção; criar um ambiente favorável ao empreendedorismo feminino, com acesso facilitado ao crédito estão entre as nove metas que compõem a ODS 5 da Agenda 2030 da ONU, da qual a INOAR é signatária. Neste artigo falarei um pouco sobre a desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

As mulheres têm maior instrução de grau universitário que homens e mesmo assim ganham menos em cargos equivalentes. Segundo o Dieese, enquanto os homens ganharam, em média, R$ 2.495, no último trimestre de 2019, as mulheres receberam R$ 1.958, rendimento 22% menor, mas na média anual as discrepâncias são maiores ainda. As análises são com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, e inclui o trabalho formal e informal.
Pesquisa, realizada anualmente pela McKinsey & Company, sobre a paridade de gênero no mercado de trabalho mostra que grande parte das pessoas não valorizam a questão de paridade de gênero porque entendem que as mulheres já possuem os mesmos salários e cargos, e tais diferenças devem-se as competências. No caso do Brasil tal argumento é uma falácia, pois as mulheres são hoje 55,2% dos alunos que ingressam no ensino superior e 61% dos que se graduam, segundo o Ministério da Educação. Mas, isto não se reflete nas condições de trabalho.

Outra pesquisa divulgada em janeiro pela Bloomberg (GEI 2020), realizada em 325 empresas de 50 setores distintos, com sede em 42 países, mostrou que organizações lideradas por mulheres tinham mais mulheres em cargos de chefia e remunerações entre os 10% de salários mais altos nas organizações. Sabe-se que na realidade, principalmente brasileira “não é assim que a banda toca”, até porque as companhias incluídas no índice GEI 2020 são de grande porte e têm valor de mercado na ordem de US$ 12 trilhões.
Há um consenso das empresas em promover igualdade de oportunidades e salários, ressaltando à importância da diversidade no ambiente corporativo, mas há que se buscar efetividade em tal discurso. Para que isso aconteça, é preciso investir em formação do corpo funcional sobre preconceitos, mostrando o quanto algumas percepções conservadoras foram sacralizadas e incorporadas a nossa fala, sendo consideradas “normais”. Deve-se mudar a cultura empresarial sobre à paridade de gênero, principalmente em contexto pós pandemia porque as mulheres têm potencial para expandir negócios, nos posicionando melhor frente a outras economias mundiais.
Todas as mulheres que ocupam cargos de poder e decisão, aí incluem-se as mulheres no Congresso (Câmara e Senado), nos altos escalões do judiciário, entre outros organizações, tem o dever de pautar esse debate na perspectiva de mudanças objetivas na sociedade.
Na sequencia um infográfico que resume, de modo geral, à desigualdades de gênero, apresentadas na pesquisa DIEESE, sobre o 4º trimestre de 2019.
