
Vou continuar esta série de posts falando hoje sobre um tema muito delicado: a romantização do empreendedorismo e as ciladas que você pode encontrar pelo caminho (para quem não leu o capítulo anterior, Clique aqui.)
Em tempos difíceis que o Brasil vem enfrentando, com mais de 13 milhões de desempregados neste ano de 2019, as incertezas da previdência e o medo do futuro vêm fazendo o empreendedorismo por necessidade voltar a crescer.
Negócios surgem na crise, negócios surgem dos sonhos, mas é muito importante ter os pés no chão, em qualquer caso.
Trago verdades: não é de agora, eu sempre percebi as pessoas encantadas com minha trajetória, como se o sucesso fosse algo mágico e certeiro. Ele não é. É preciso “matar um leão por dia” e haverá muitos dias em que você terá a plena certeza que não chegou a lugar algum.
O mundo da beleza não é lindo. Ele é cheio de concorrência, de pessoas tão ávidas por dinheiro, que muitas vezes farão qualquer negócio para chegar lá. Isso, para mim, não é empreender.
Esse mundo passa a impressão de luxo, de glórias e mordomias. Gente, isso não existe. Não temos hora para nada, é trabalho o tempo todo. E isto não é uma reclamação. Mas um ponto em que é preciso pensar. Você realmente tem vocação para isso? Para fazer concessões? Para ser julgado?
Mulher de sucesso, mulher empoderada, guerreira. Não romantizem a nossa sobrecarga. É praticamente impossível dar conta de tudo. Eu saí do zero, sem uma família que tivesses recursos para me ajudar. Tive que fazer escolhas e concessões, sim.
Hoje as redes sociais mostram uma realidade que não existe. A mulher-maravilha perfeita que acorda cedo, vai à academia, tem uma carreira brilhante, diploma no exterior, participa da vida dos filhos, cozinha maravilhosamente bem, está com a pele e a depilação em dia existe só no Instagram (e provavelmente foi desconstruída nos comentários). A gente é uma ou duas coisas por dia, e olhe lá. Faz parte do jogo.
Você só consegue organizar a sua rotina quando estiver bem estabelecida nos negócios. Mas ainda assim vem outra batalha: manter-se onde você chegou.
Você está disposto a sacrificar seus finais de semana, suas horas de lazer para empreender? Você tem forças para suportar as rasteiras e conspirações do dia a dia? Você está pronto para acompanhar tendências que não param? Você vai acompanhar o ritmo da tecnologia?
Para as mulheres: como você vai lidar com o machismo neste mundo que ainda nos coloca em segundo lugar?
Você está pronto para sobreviver como empresário no Brasil? Com esta crise que nos deixa em uma eterna insegurança? Com um governo que nos massacra todos os dias?
Ter um negócio é um vale-tudo. Eles vão usar todas as armas. Ser empreendedor é uma guerra infinita e sem descanso.
Desculpe a sinceridade. Hoje precisei derrubar alguns mitos. E coloquei propositalmente o questionamento neste post para que muitas pessoas vejam as coisas sob um outro prisma, com uma boa dose de realidade.
É preciso ser forte todos os dias, mesmo quando você quer desabar. Nestas horas eu paro, penso, respiro, tomo fôlego e parto para a luta de novo. Esta é a minha vocação, então está tudo bem.
Inocência Manoel