
Tenho lido e relido os manuscritos finais do livro que irei publicar com a história da minha vida. Não por vaidade, mas porque realmente faço parte de uma minoria de pessoas que conseguem transformar a própria história. No Brasil, quem nasce nas camadas mais pobres pode levar até 9 gerações para atingir uma renda média.
Eu acredito em inspirações, muito mais do que em fórmulas para ensinar as pessoas a “chegarem lá’.
Tenho os meus ídolos e muitas vezes é uma música ou uma frase inspiradora que me move. As vidas reais, as histórias que nos empoderam e nos tiram da zona de conforto. Se eu tiver que ser uma inspiração, que seja a da minha vida real.
Uma vida em constante movimento e que meu deu alguns títulos: doida, delirante, sonhadora…
Aos pouquinhos, estamos conseguindo mudar a realidade, mas o fato é que sempre houve muito preconceito com as mulheres que fogem de um padrão estabelecido e enraizado na cultura brasileira (em outras também).
Eu nunca fui padrão, prefiro ser fora dos padrões. Sempre estudei e fui curiosa, isso me levou a desenvolver produtos, e é assim até hoje. Mas só fui ter carteira de trabalho há 3 anos, para poder me registrar como jornalista, o único registro que tenho na vida.
A maioria das minhas amigas casou, teve filhos e quando já estavam se aposentando, eu nem tinha plano de saúde. Estava na batalha.
Sofri preconceito de todos os lados, por quase todas as minhas decisões ou pela minha própria condição. Por ser mulher. Por ser solteira. Por ser mãe solo. Por ter mais de 40, mais de 50, mais de 60. Ao mesmo tempo em que a maturidade nos brinda com sabedoria para não sofrer, vamos colecionando cobranças de quem não se conforma com a nossa condição.
Me diziam para prestar concurso, para dar aulas, para arranjar um emprego. Eu, que nunca deixei de trabalhar um dia sequer da minha vida, jamais me senti desocupada. Eu só era “fora dos padrões”. E por isso me continuavam me chamando de louca.
Parece que o tal do “sucesso” caminha de mãos dadas com a loucura e ele realmente chega para quem não desiste no meio da jornada. Aos 55 anos de idade, enfim, parecia ter chegado a minha hora. A marca Inoar despontava no mercado da beleza e, em vez de comprar uma casa ou investir meu primeiro dinheiro, nós investimos na Beauty Fair, a maior feira de cosméticos do Brasil, e fizemos nossa primeira feira no exterior, em Nova York. Lá fiz questão de hastear a bandeira do Brasil, sendo os únicos representantes do país no evento.
Sofremos um duro golpe na volta, ao sermos roubados por um terceirista. Eu podia parar? Podia. Mas a louca aqui não para, não.
Dizem que conselho só se dá a quem pede. E se vocês que leem meu blog e se identificam com minha história me mandam tantas mensagens a respeito da minha vida, acredito que eu possa deixar algumas palavras que inspirem vocês também. Ou que, no mínimo, elas abram espaço para pensar.
Vamos ser loucas sim. Sem medo. É preciso muita loucura para acreditar que somos capazes de vencer, mesmo que já estejamos atravessando meio século de vida. Essa vida louca que tanto pregam não é senão uma vida de coragem, luta e FÉ.
Sua história é inspiradora e nos encoraja! Admiro quem sonha e luta para fazer do sonho realidade. Estou com sessenta e nove anos, sou gastrectomizada devido a uma lesão maligna no estômago, mas ainda sinto uma vontade imensa de viver e produzir algo de bom. Minha vida também deu um livro, por motivos semelhantes e também diferentes dos seus. Mas tenho plena certeza que ajudei muitas pessoas com o que escrevi, isso já na terceira idade. Agora estou buscando inspiração para escrever o segundo (aliás, o terceiro, pois também escrevi a história de meu pai). Adorei ler esse link! Parabéns!
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Por falar em publicar um livro, também pretendo. O meu não é, e é da minha vida, porque falo de temas que vão surgindo acerca dos acontecimentos do dia a dia. Escrevo artigos de opinião, mas de forma bem simples e um pouco objetiva… Eu fui professora, e hje estou aposentada, mas não deixei que o sedentarismo tomasse conta de mim, fui ler, escrever e fotografar…
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