As profundezas do negacionismo

Negacionismo (do francês négationnisme) é a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável. É recusa em aceitar uma realidade empiricamente verificável.

Esta é a explicação simples para um comportamento que existe na história da humanidade, mas que tem ficado tão evidente com a pandemia do novo Coronavírus e com as atuais ondas extremistas que o mundo vivencia.

São exemplos da onda negacionista:

Terraplanistas – pessoas que acreditam que a Terra é plana, contrariando certezas científicas.

Movimentos antivacina – pessoas que acreditam que as vacinas não funcionam, que vão te transformar em outras coisas ou pessoas; ou que contêm ingredientes perigosos.

Negacionismo climático – pessoas que têm postura cética em relação aos argumentos científicos a respeito das mudanças climáticas.

Devotos do QAnon – uma teoria ampla e completamente infundada que diz que o presidente Trump estava travando uma guerra secreta contra os pedófilos adoradores de Satanás do alto escalão do governo, do mundo empresarial e da imprensa. Apoiadores do QAnon estavam entre a multidão que invadiu o Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em janeiro.

Mas o que está por trás dessa onda de ignorância que continua ganhando adeptos?

Não se engane: a ignorância da população vai sempre beneficiar alguém. E sempre vai atender ao discurso de alguém que tem interesse na vulnerabilidade do povo ignorante (aqui digo com o sentido das pessoas que ignoram fatos).

É claro que precisamos sempre validar aquilo que nos é apresentado. Isso é natural do ser humano. Mas desacreditar na ciência, desacreditar as pessoas que estudaram ou são especialistas em algo tem sido uma forte tendência impulsionada por líderes extremistas que se valem de todo e qualquer artifício para tornar o povo mais… ignorante.

O assunto é tão sério que vem sendo largamente estudado por neurocientistas do mundo todo. Um estudo aprovado pela academia científica e publicado na revista Brazilian Journal Research afirma:

“O aumento do número de negacionistas não se deu apenas com o avanço da internet e, sim, num mecanismo de defesa relacionado com a personalidade. A negação pode ser a ansiedade buscando na não aceitação dos fatos uma reação instintiva de fuga como mecanismo de sobrevivência. Criando assim uma realidade paralela, com traços adoecidos e irreais, apenas para a satisfação de sua necessidade, como justificativa da sua razão.”

Em tempos de pandemia, é especialmente importante destacar os mitos que se criaram em torno da vacinas. Ando chocada com a quantidade de pessoas próximas a mim dizendo que não irão se vacinar devido a uma série de Fake News (de novo isso) amplamente difundidas em grupos e redes sociais.

A CNN publicou, em dezembro de 2020, uma matéria elucidativa sobre os imunizantes à disposição no Brasil. É meu dever citar fontes e estudos confiáveis (ao contrário do que postam por aí) para alertar quem eu puder sobre estes “monstros” criados em torno de um assunto tão sério:

(link da CNN)

Vamos aos fatos:

1 – As vacinas foram feitas às pressas? Mito.
A tecnologia por trás das vacinas está em estudos há mais de uma década e foi feita exatamente para uma situação de pandemia.
A BBC também destacou esse procedimento que só foi rápido demais para quem não conhece a fundo o trabalho da ciência. “O desenvolvimento em tempo recorde foi possível graças a muitos anos de pesquisa de cientistas, cujo conhecimento acumulado possibilitou uma resposta rápida ao novo desafio.”

2 – A vacina vai mudar meu DNA? Mito.
Ao contrário do que se prega nos grupos de WhatsApp, a vacina não tem o poder de mudar seu DNA porque o material genético utilizado (na Pfizer e Moderna) é o RNA.

3 – Existe um microchip nas vacinas que vai monitorar tudo o que eu faço. Mito dos grandes.
Um dia, Bill Gates, fundador da Microsoft, comentou que no futuro poderia haver “certificados digitais” usados para saber quem se recuperou, quem foi testado para Covid-19 e vacinado. Isso foi um comentário e nenhuma vacina atual tem este poder ou poder de controlar você.

Você conhece mais mitos sobre a vacina? Deixe aí nos comentários, vamos conversar!

Nenhum deles é maior do que a ciência e do que a urgência que temos para deter esse vírus que mudou as nossas vidas e que levou tantas embora.

Vacine-se e incentive a vacinação! A descrença na ciência precisa ter fim, uma vez que só ela pode nos salvar. A própria comunidade científica vem mudando sua comunicação para poder lidar com as profundezas do negacionismo, onde teorias da conspiração, vírus produzidos em laboratório para acabar com uma nação, vacinas mudando a opção sexual do povo e pessoas sendo transformadas em jacarés são criados.

E todos nós podemos fazer nossa parte estudando mais, nos informando mais, não ficando no raso das matérias e buscando conhecimento de qualidade, não naquela mensagem que os grupos de WhatsApp ou Telegram costumam mandar sem fonte, sem assinatura, sem lastro.

Conhecimento é poder de verdade e, Sim, a Terra é redonda.
Sim, o racismo, a homofobia e o machismo são reais.
Sim, as vacinas funcionam e você deve se vacinar.

Platão disse que podemos perdoar uma criança que tenha medo do escuro, mas que a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
Você pode não gostar da verdade. Mas ela é a luz.

Inocência Manoel

Um comentário em “As profundezas do negacionismo

  1. Sim, é fato concreto. Entretanto , em todos os pontos da sociedade costuma haver manipulação, a história registra variados exemplos. Manipulação motivadas por interesses inconfessáveis. Creio que tudo tenha que passar pelos filtros da razão individual para um consenso coletivo. A ciência também se engana, lembremo-nos do caso da Talodomida já do passado distante. Agora, de hoje, a vacina imunizamte da Pfeiffer contra o Coronavirus, em que a farmacêutica se desobriga legalmente dos possíveis adversos efeitos colaterais por quem desejar adquirir seu produto. Mesmo a ciência diverge até formar unanimidade e, enquanto isso não acontece, em que instituição acreditar?

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