ÁCIDO GLIOXÍLICO, REGISTRO DE PATENTE E ÉTICA CIENTÍFICA

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imagem: eticaecidadaniablogspot

 

Quando insisto em debater a questão do ácido glioxílico, patenteamento e mesmo a responsabilidade ética de pesquisadores quanto a geração de dados, estou pautando questões que devem ser discutidas com maior transparência, num grupo interdisciplinar, capaz de analisar e gerar inteligência de informação sobre tais aspectos. O mundo, e o Brasil, vive um momento de busca de transparência, tanto dos governos como das instituições. Nesse contexto, também queremos debater as questões que afetam o dia-dia de quem produz.

A estimativa para o mercado global no segmento de cuidados pessoais e embalagens é de US$37.25 bilhões até 2022, segundo Grand View Research, Inc.[i] A questão do ácido glioxílico, por exemplo, não envolve somente à indústria cosmética, mas também os agroquímicos, farmacêuticos, aromas, polímeros e outros. Segundo o relatório do Instituto de Pesquisa citado acima, “ O mercado global é impulsionado pelo aumento da demanda nessas indústrias de uso final.” Portanto, quantas indústrias beneficiará a regulamentação e o ordenamento no uso do ácido glioxílico? Veja abaixo os segmentos que utilizam tal insumo:

SEGMENTOS DA INDÚSTRIA

O setor de cuidados pessoais, alimentos e bebidas estão impulsionando de forma proeminente a demanda do mercado global, conforme o mesmo relatório. “A demanda crescente de produtos de tratamento capilar, como produtos de alisamento, xampus, condicionadores, loções e cremes para cabelo, deve impulsionar a demanda na indústria de cuidados pessoais.

SEGMENTOS DE CUIDADOS PESSOAIS

Os dados de tamanho do mercado da empresa TechSci Research.com[ii] mostram que a região da Ásia-Pacífico é a maior em termos de consumo e produção de ácido glioxílico. “A China está dirigindo especificamente à produção e o consumo de ácido glioxílico […] seguida pela América do Norte e Europa em termos de consumo.

SEGMENTOS TAMANHO DO MERCADO

E tal tendência de aumento de demanda, deve-se também ao envelhecimento populacional e aumento da longevidade. Todos querem ficar saudáveis e belos enquanto viverem. Mas, o que se faz com tal informação? Não há dados consolidados do mercado brasileiro quanto ao cenário atual, quais as variáveis afetam e influenciam o mercado, tamanho, potencial de crescimento (valor e volume), avanço tecnológico, fatores macroeconômicos e de governança. Sem estas informações seguimos tateando oportunidades com enormes riscos, principalmente considerando o atraso na questão de registro de patentes no Brasil. O tempo de deferimento pode chegar a 12 anos[iii]. É um setor bastante atrasado. Altas burocracias fazem com que empresas fiquem na expectativa e com risco total de inventos/inovações aqui produzidos serem copiados.

Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), houve crescimento no número de patentes concedidas em 2017. Foram deferidos 6.250 pedidos pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Sendo que a maioria das “solicitações vieram de 84 países e entre os 10 países que mais depositaram pedidos de patentes de invenção, estão: Estados Unidos (31%), Brasil (21%), Alemanha (7%), Japão (7%), França (5%), Suíça (4%), Holanda, China e Reino Unido (3% cada) e Itália (2%).

Outro ponto, que também quero aprofundar durante a semana, é à ética científica. As universidades não são uma ilha em contextos de competitividade e sobrevivência de setores num mundo em rápida e constante transformação. Há uma pressão sobre pesquisadores para produção contínua de artigos por que tal fato melhora a posição de universidades nos Rankings de avaliação, e consequentemente atraem mais verbas para continuarem pesquisando. A concorrência entre cientistas, ou Centros de Pesquisa privados e/ou públicos não pode ultrapassar os limites da ética. Assim como é exigido de qualquer estudante que cite a fonte quando escreve um artigo, monografia, tese, é também uma postura íntegra dos pesquisadores citarem as fontes de financiamentos.

Aprofundarei na sequência. São apenas alguns dados para iniciar o debate, coletados em excelentes relatórios (Fior Market[iv] e outros citados), porém com preços altos e muitos deles inacessíveis a maioria das pequenas e médias indústrias/empresas de cosméticos do Brasil.

 

Inocência Manoel – Fundadora INOAR Cosméticos

 

[i] Grand View Research, Inc

[i] www.techsciresearch.com/report/global-hair-straightener-market

[iii] http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/12/dificuldade-para-conseguir-patente-no-brasil-causa-prejuizos.html

[iv] www.fiormarkets.com

 

2 comentários em “ÁCIDO GLIOXÍLICO, REGISTRO DE PATENTE E ÉTICA CIENTÍFICA

  1. Olá Inocência,

    Excelente artigo para este muito oportuno debate
    que tem eco em Portugal e toda a Europa.
    Não poderia estar mais de acordo.
    Abraço,

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